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Chão da Pedra ou Cova dos Moiros

- "de coisas dos moiros? ah! temos lá em cima uma cova, estão lá escondidos debaixo."

- "uma cova? como assim?"

- "não sei bem o que seria aquilo... é um buraco que lá está. dizem que viviam lá os moiros."

pedi ao senhor António se me lá levava. lá fomos ver e de facto havia lá uma cova. pode ser que seja uma mina de água. já se encontra bastante desfigurada pelo alargamento do caminho de acesso às propriedades. passa uma senhora e volto a perguntar:

-"então mas porque chamam aqui cova dos moiros?"

- "não sei, dizem! sempre ouvi dizer que eles viviam aqui debaixo e ainda cá se escondem. se por cá passarmos no dia de S. João, logo antes de amanhecer, veremos uma moira encantada a pentear-se."

(penso. já não é a primeira vez que ouço falar de moiras a pentearem-se em dia de S. João. também já ouvi falar de moiras nuas... mas isso fica para outra altura.)

-"então e a lavrar? nunca encontraram telha grossa?"

quem responde é o senhor António:

- "ah! sim! era telha tão grossa, havia cá muita havia! é aqui num terreno perto, é meu. quando era miudo vinha para aqui e na reinação eu e um amigo meu, ao falarmos da guerra..."

interrompo:

-"guerra?"

-" sim a primeira guerra mundial, foram para lá soldados portugueses, não sabia? mas esse meu amigo (já morreu infelizmente) gritava: venham eles! tenho aqui muita telha das casas dos moiros, atiro-lhe com elas!"

lá fui com o senhor ao Chão da Pedra (o toponimo não podia ser mais sugestivo) e de facto lá estava a tégula (material de construção de época romana, mas que terá tido uma utilização por mais uns séculos depois do declíneo do império romano) e também muita pedra acumulada de parte, surgida do cultivo da terra que já quase não se faz.
como os terrenos estão de pouso, foi díficil a detecção de outros materiais que pudessem aferir uma cronologia mais circunscrita.

foi com muita satisfação que voltei a casa, a pensar no sítio que ainda não era conhecido. romano? talvez. é evidente o seu domínio sobre o vale abrupto da Ribeira de Sátão, afluente do Mondego. do Chão da Pedra em Coucão, freguesia de Sátão, é possível vislumbrar o Castro de Santos Idos, povoado que falaremos numa próxima oportunidade.

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