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Quem passa por Alcobaça

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 não passa sem lá voltar.

Mosteiro de ALcobaça


Veja também o Castelo de Alcobaça, clicando aqui.

Foto por AC

Em Julho...

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Em Julho foice na mão.




Em Julho ceifo e debulho.

Diz-nos o Borda d'Água que Julho é o mês da ceifa e da debulha. Ceifam-se os cereais de pragana, ou seja, o centeio, a aveia, o trigo e a cevada. Convém fazê-lo no minguante da lua.
Estamos mesmo a tempo!

S. João do Porto

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S. João... dá cá um balão...
Acende-se a acendalha
O arame estava muito em baixo e o ar quente não entrava...

Ah! Agora sim...



E lá vai ele...
Mais um para juntar aos milhares.
por vezes corre mal


Casa da Música

Cava de Viriato... afinal eles já sabiam!

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"sabe a cava de viriato? em viseu? aquilo pertencia aos mouros!"

Mais uma história de mouros, do imaginário das gentes das Beiras. Tudo o que é antigo é atribuido aos mouros. Uma coisa lá longe, uns "selvagens" no antigamente, que "não tinham casas".
São assim as coisas que já foram, que já passaram... não se sabe? é mouro!

Provavelmente se fizer prospecção arqueológica no Sul do país, por exemplo em Évora, mais serão os romanos...
Não sei, são apenas hipóteses, infelizmente nunca tive oportunidade de fazer recolha oral no Sul do País. Mas nas Beiras, os mouros são parte profunda do imaginário popular.

Costumam ficar muito admiradas quando lhe digo que os mouros ainda existiam e que hoje em dia são os muçulmanos.

Mas o senhor Joaquim não:
"... na cava de viriato viviam os mouros, aquilo estava cheio de grutas, assim como no afeganistão, está a ver? eles enfiavam-se lá dentro e não se conseguiam apanhar. porque aquilo era como um labirinto. sempre que os cristãos os tentavam apanhar, eles metiam-se lá dentro... não os conseguiam catar!"
eu respondi:
- "atao mas, como fizeram?"
"um dia pegaram num rebanho de ovelhas, com badalos ao pescoço, eles ficaram tao encantados com o tilintar e curiosos também, porque não conheciam tal som."
- " e depois?"
"não aguentaram de curiosidade e chamaram uns pelos outros e vieram todos cá fora ver... pimba! foram apanhados."

Cava de Viritato - Viseu

Fiquei de boca aberta e a pensar:
"atão mas... afinal andámos anos na faculdade a teorizar sobre a hipotese daquilo ser um acampamento romano... durante anos, anos! assim a comunidade científica o considerou.
antes disso estava ligado à resistência gloriosa dos Lusitanos à ocupação romana.
até que, há poucos anos começou a ser aceite como sendo de origem muçulmana, pela suas similiridades com a cidade-acampamento de samarã no actual iraque!
atão mas, atão mas, eles já sabiiiam!"

maias e a fuga de Maria e do Menino

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Já no ano passado aqui fizemos referência às maias. Hoje, ao ver novamente o registo de Leite de Vasconcellos reparei neste promenor, uma vez que o mês de Maio é o mês da Mãe e de Maria.
Em recolha oral, no decorrer de prospecção arqueológica é usual haverem referências à fuga de Maria e do Menino.

São várias as "covinhas" ou fossetes, por vezes naturais, outras vezes associadas a arte rupestre, que encontramos em muitos lugarejos, perdidos pelo interior de Viseu (por exemplo). Estas marcas na pedra, na falta de melhor explicação, e por chamarem à atenção de muitos, são explicadas como sendo obra da pata da burrinha, onde a nossa Senhora ia montada a fugir com o menino no regaço, para o Egipto. Ora todos nós sabemos que ela não fugiu daqui... e quantas são as terras que assim o reclamam?

Olhando para esta recolha do grande etnógrafo penso, mas haverá assim giestas floridas, como nós vemos por cá, no médio oriente?
Ou será mesmo mais uma mostra de como anda Maria perto do imáginário popular e do seu coração... através da explicação da realidade vivida e sentida, daquilo que nos rodeia...


candelária

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"Candelária a rir Inverno para vir,
Candelária a chorar Verão a chegar."

Hoje é dia da purificação ou candelária. Reparem nos primeiros sinais da primavera e como a luz já reina, nestes dias que ganham terreno às noites.
No campo preparam-se as sementeiras, e não tarda irão à terra, de novo.

Mas com este tempo magnifico, a julgar pelo ditado, ainda vamos ter muito frio e chuva, para vir.

...no crecente de janeiro

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"Se queres ser bom ervilheiro, semeia no crescente de Janeiro."

Já dizia a minha avó

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"Filho és,
Pai serás!
Assim como fizeres,
Logo acharás!"

As tardes de Agosto

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Já repararam que os dias estão mais pequenos?


Já diziam os antigos:


"As tardes de Agosto não dão para deitar um poço!"

Chão da Pedra ou Cova dos Moiros

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- "de coisas dos moiros? ah! temos lá em cima uma cova, estão lá escondidos debaixo."

- "uma cova? como assim?"

- "não sei bem o que seria aquilo... é um buraco que lá está. dizem que viviam lá os moiros."

pedi ao senhor António se me lá levava. lá fomos ver e de facto havia lá uma cova. pode ser que seja uma mina de água. já se encontra bastante desfigurada pelo alargamento do caminho de acesso às propriedades. passa uma senhora e volto a perguntar:

-"então mas porque chamam aqui cova dos moiros?"

- "não sei, dizem! sempre ouvi dizer que eles viviam aqui debaixo e ainda cá se escondem. se por cá passarmos no dia de S. João, logo antes de amanhecer, veremos uma moira encantada a pentear-se."

(penso. já não é a primeira vez que ouço falar de moiras a pentearem-se em dia de S. João. também já ouvi falar de moiras nuas... mas isso fica para outra altura.)

-"então e a lavrar? nunca encontraram telha grossa?"

quem responde é o senhor António:

- "ah! sim! era telha tão grossa, havia cá muita havia! é aqui num terreno perto, é meu. quando era miudo vinha para aqui e na reinação eu e um amigo meu, ao falarmos da guerra..."

interrompo:

-"guerra?"

-" sim a primeira guerra mundial, foram para lá soldados portugueses, não sabia? mas esse meu amigo (já morreu infelizmente) gritava: venham eles! tenho aqui muita telha das casas dos moiros, atiro-lhe com elas!"

lá fui com o senhor ao Chão da Pedra (o toponimo não podia ser mais sugestivo) e de facto lá estava a tégula (material de construção de época romana, mas que terá tido uma utilização por mais uns séculos depois do declíneo do império romano) e também muita pedra acumulada de parte, surgida do cultivo da terra que já quase não se faz.
como os terrenos estão de pouso, foi díficil a detecção de outros materiais que pudessem aferir uma cronologia mais circunscrita.

foi com muita satisfação que voltei a casa, a pensar no sítio que ainda não era conhecido. romano? talvez. é evidente o seu domínio sobre o vale abrupto da Ribeira de Sátão, afluente do Mondego. do Chão da Pedra em Coucão, freguesia de Sátão, é possível vislumbrar o Castro de Santos Idos, povoado que falaremos numa próxima oportunidade.

conversas na vouga

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- "aqui nestas terras está enterrado um sino de oiro."

- "um sino? então porquê? não há aqui igreja, nem tão pouco capela."

a paisagem verdejante do rio vouga, no inicio do seu percurso, é pano de fundo à conversa. na zona vivem apenas meia duzia de habitantes, guardados por cães de pastor. junto ao Rio Vouga um moinho em ruinas. (veja imagem)

- "eram 11 as campas dos mouros, um grande cemitério. tinha de haver aqui uma capela, e com ela um sino. isto é o que dizem; eu não sei! sempre ouvi dizer isso."
- "11?"
talvez mais que os habitantes que lá hoje vivem.
(...)
fomos ver as terras, já com centeio plantado e chega uma senhora.
-"o que andam a fazer? isso tem aí centeio plantado. vocês são de onde?"
-"olhe que não vimos roubar. andamos à procura de coisas antigas."
e perdi-me na conversa...
- "a senhora ainda faz pão? aqui nesta zona é costume ser de centeio não é?"
- "é de centeio sim, mas também tem trigo e milho, é conforme! e faço-o com a farinha que moí."
arregalei os olhos...
- "e há quem venda dessa farinha?"
- "há pois! mas se quiser eu dou-lhe um alqueire, mas tem de cá vir daqui a um mês, que é quando vou moer."

(...)
as pessoas,especialmente os mais velhos, têm um papel muito importante na identificação de património arqueológico, mas as conversas vão sempre para além disso. sempre fomos recebidos de coração aberto; contam-nos histórias dos antigos e pedem desculpa por não poderem ajudar mais. contam também das suas vidas e preocupações.
será esta abertura por se sentirem valorizados? por haver interesse na sua memória? será por se sentirem orgulhosos de haver quem valorize a sua terra e o seu passado?

vêm aí as maias!

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-"há giestas que dão flores diferentes, umas brancas, outras amarelas. estão aí a vir as maias?"
-"pois, mas o pior são as carraças! ainda hoje arranquei uma do couro cabeludo. as maias?!"

-"não sabe o que são as maias? são flores de giesta. aquelas flores amarelas? e o cheirinho?! por altura de inicios de maio, apanham-se as maias dos montes, colocam-se à frente da porta de casa. servem para afastar as carraças de entrarem em casa."
-"entao metemos giestas às portas para enganar as carraças?!"


a explicação da paisagem natural existiu de maneiras diversas e existe de maneiras diversas; explicá-la é uma forma de a tornar humana, de a desvendar.
isso consegue-se através de rituais, de gestos. através de encenações, o homem recria, organiza, manipula e humaniza a paisagem, tornando-a sagrada.

no mundo rural esse intimismo ainda existe, muitas vezes mesclado e reeditado. essa mescla e reedição é património imaterial e denuncia diversas formas de explicação do mundo, e formas de vivência nele, em tempo e espaço distinto. é o reflexo da paisagem na diversidade cultural.
quando se perde esse intimismo, e neste caso em particular, as giestas deixam de ser colhidas para servirem de cama aos animais, o adubo que vai à terra é quimico e artificial e perde-se o sabor ancestral, certamente esgotando os solos de forma mais expedita; já não se fazem vassouras para limpar o fogão de lenha, nem se deita o lume ao enchido e etc;
e assim vão ficando as maias, abandonadas no monte, para um dia alimentarem a gula dos incêndios...

o pai moiro e as quelhas

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-"vamos lá ver se a menina aponta isto bem... vá! eu espero que pegue num lápis e papel."
peguei no meu caderno de campo e comecei a escrever:
-"entre o catarasto e as quelhas há uma grade e um cambão de oiro, que o há-de achar maria em gadelha, ou pata de ovelha ou ponta de relha."
insiste o sr. antónio, mas ao que parece não é bem assim que reza a história. o catarasto é parte de uma história sim, mas dos tempos da 1ª grande guerra; foi uma mansão de um antigo patente de 1917, de onde muita coisa desapareceu (...)

-"entre o pai moiro e as quelhas há 1 grade e 1 cambão de oiro, que o há-de achar maria em gadelhas, ou pata de ovelha ou ponta de relha." esta foi a versão que vários ventos sopraram.

o pai moiro é conhecido pela sua mina onde cabia 1 homem a cavalo e que podia andar por ela dentro pelo menos 5 metros, possuia 1 sala onde se podia jantar; até lá encontraram uns "tamancos" e depois ainda há as "campas onde enterravam os mouros."
as quelhas ainda deixaram o que desejar, mas foi/é entre eles, no são martinho, numa eira longa que estaria o maior haver(?)
-"era onde estava o povo! antigamente as pessoas viviam ali." dizem os mais ousados.


quantas pessoas ali se imaginaram, ao brotarem do chão pedras trabalhadas e alicerces esquecidos. quantas histórias já foram contadas e quantas mais foram imaginadas?
há quantos séculos se repetem os mesmos gestos? o que temos que aprender?
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