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Valorização de Sítios Arqueológicos - Diagnóstico de Sustentabilidade

Não podemos negar que já são evidentes inúmeros projectos de valorização de Sítios Arqueológicos. Tantas são as Rotas, os Percursos, os Restauros, os Centros Interpretativos, os Museus. São vísiveis os esforços de valorização do Património, de Norte a Sul, de Oriente a Ocidente... é tanta a acção, mas estará a ser Sustentável?

Também é de Norte a Sul que já transpira um desgaste, discretamente falando, dos sítios arqueológicos, após um uso que resultou da vontade de o conhecer e levá-lo às pessoas. Creio que resulta de boa vontade de alguns, mas por não chegar a muitos, acaba mais depressa por desaparecer.
Exemplo disso são as notícias que se ouvem falar sobre o vandalismo à arte rupestre; são os parques de picnic feitos sem acompanhamento arqueológico em castros; são sítios arqueológicos que são escavados e não são dados a conhecer resultados, tao pouco à comunidade cientifica, muito menos às pessoas; são locais cuja sinalização ficou abandonada; são assentamentos arqueológicos assinalados em roteiros, onde nada se vê à superfície a não ser muito mato, nunca tendo sido alvo de estudo; são locais que servem para andar de moto quatro; são locais que servem para alimentar a gula dos detectores de metais... e por aí fora.


 Exemplo de arte paleolítica do Poço do Caldeirão, junto ao Rio Zêzere.

O mesmo local depois de inserido no Centro de Interpretação da Barroca,devidamente sinalizado e com acesso facilitado. Um novo motivo circular surge gravado!

Cremos que também faz parte da técnica arqueológica colocar as questões certas, para lançar propostas de análise, de modo a chegar a resultados, nem que sejam na base da probabilidade.
Era necessário existirem indicadores... as respostas para as perguntas que vos fazemos agora, ainda não existem!


Para começar urge fazer um diagnóstico, urge saber o estado da coisa!

Proposta de Indicadores de Sustentabilidade:
Quantos sítios arqueológicos se encontram documentados?
Quantos foram alvo de projectos de investigação?
Quantos foram alvo de escavação arqueológica?
Qual a percentagem média de área de escavada?

Quantos foram alvos de projecto de valorização?
Quantos foram os sítios arqueológicos restaurados, incluídos em Rotas e Percursos, sinalizados, integrados em museus, em eco-museus, centro interpretativos?
Qual o número de visitantes? aumentou? diminuiu?
Quantas visitas foram guiadas?
Quantos foram os eventos/acções?
Quantas crianças o visitaram?
É usado pela população local?
Qual a sua fruição e de que forma é vivido?
Qual o seu estado de conservação?
Quantos têm manutenção? Qual a regularidade?
Qual o número de actos de vandalismo (voluntário e involuntário)? Em que tipologia de sítio arqueológico?

Quantos são os impulsionadores desses projectos? Quantos deles são museus, autarquias, instituições, institutos públicos (Universidades, Ministério da Cultura), associações locais e regionais?
Quantas pessoas estão envolvidos no projecto?
Quantas pessoas envolvidas resultam de consultas feitas à população local?
Qual a percentagem de participação pública?
Quantos são os projectos com parcerias?
Quantos intervenientes trabalharam em rede local ou regional?
Quantos projectos foram a consulta pública?

Quantos artigos cientificos foram publicados?
Quantos materiais para a divulgação foram feitos? Chegaram a quantas pessoas?
Quantos projectos tiveram em conta o saber, os gestos, o legado e tradições das populações locais?
Quantos projectos potenciam a identidade cultural de populações locais?


Chegámos à conclusão que não há, no presente, como fazer uma análise, muito menos um diagnóstico! Não existe um fio condutor, não existe uma gestão integrada, se assim fosse já tinhamos indicadores; a evolução da cena, parece-nos orgânica e desajustada.

(Fotos gentilmente cedidas pelo Dr. Luís Luís)

2 comentários:

O Galaico disse...

Pessoalmente acho que a demasiada centralização das entidades reguladoras desses assuntos prejudica a gestão do nosso património.

Se verbas fossem entregues directamente as sedes de concelho e se estas tivessem o direito de se articular sem esperar por IPARes e afins, muita da nossa herança estaria preservada.

Porque reparemos: Quem em Lisboa quer saber da arqueologia Castreja?

E claro que se a região que manda não se identifica com ela (até nos manuais escolares passam esse capitulo à frente mesmo tendo em conta que a origem de Portugal está nos descendentes deste povo ao qual colam o rótulo e lusitanos quando eram na verdade Galaicos) que hipótese temos de planear a recuperação e manutenção de todos esses sítios?

A verdade é esta: Lisboa tem olhos para os Romanos e para os Mozàrabes e para o Manuelino pois a invenção da história Portuguesa que é impingida Às pessoas se baseia nestas culturas.

Tudo o resto complica a imagem criada de um povo que nasceu já uno e indivisível desde que Deus fez Adão e Eva.

Todo o processo deveria passar pelas autarquias no mínimo Distritais pois desta forma cada distrito ou região poderia preservar o património que achassem mais imp0ortante e da melhor maneira..

Unknown disse...

Se verbas não são entregues é porque os referidos municipios não concorrem a elas. Será que os municipios se identificam com a referida cultura castreja? Será que a acham importante ao ponto de investir nela?

Algo se espelha na sua mensagem: se Lisboa só tem olhos para os Romanos e para os Mozàrabes e para o Manuelino, o Galaico só tem olhos para o castrejo...

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