"Não sendo um templo geograficamente localizado nas margens do rio Minho, a igreja de Rubiães está estilisticamente vinculada a esse foco regional, onde predomina um modo de fazer galego, directamente resultante do estaleiro da Sé de Tuy e demais igrejas da província de Pontevedra."
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"Durante algum tempo, Rubiães foi considerada um produto já tardio dessa influência galega. Uma inscrição feita em época desconhecida (mas que se pensa ter copiado uma anterior), foi interpretada de diversas maneiras, sugerindo as primeiras leituras o ano de 1295 da era hispânica, ou seja, 1257 (ALVES, 1982, p.140). Com base nestes dados, a primeira opinião de Carlos Alberto Ferreira de Almeida foi a de que a inscrição poderia datar a conclusão das obras e, concretamente, o seu portal principal, em cujo lintel ela se encontra (ALMEIDA, 1978, vol.2, p.261). "
(...)"Mais recentemente, todavia, a inscrição foi lida como indicando o ano de 1240 (isto é, 1202), uma vez que o penúltimo caractere da epígrafe não deve corresponder a um "V", mas sim a um "X" aspado (ALMEIDA, 2001, pp.91-92). Neste novo quadro de conhecimento, a datação da obra de Rubiães recuou consideravelmente, o que coloca os trabalhos em perfeita contemporaneidade em relação aos de Longos Vales e Sanfins de Friestas, obras maiores da influência pontevedrense no Alto Minho."
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"O repertório decorativo da igreja confirma a cronologia de finais do século XII. Nos modilhões e capitéis do portal principal, o recurso à figuração humana e animalesca, em representações formalmente volumosas, é um dos indicadores mais seguros desta relação de parentesco estilístico. A cena de um homem segurando uma pipa, numa provável alusão ao fabrico de vinho, é um tema que Jorge Rodrigues identificou em outras igrejas galegas (RODRIGUES, 1995, p.286)."
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"A principal reforma espacial da igreja teve lugar, muito provavelmente no século XVI. Nessa altura, ampliou-se, para nascente, a nave, que ficou dotada de uma espécie de cruzeiro, de maior largura que o corpo original. Não obstante a destruição do arco triunfal românico, foi uma campanha "bastante revivalista" (ALMEIDA, 1987, p.187), uma vez que obrigou à reconstrução da capela-mor, um pouco mais a leste que o local fundacional, mas mantendo a sua configuração anterior, de planta quadrangular. Mais tarde, já no século XVIII, adossou-se à fachada principal, pelo lado Norte, uma torre sineira tipicamente barroca, bem como outras dependências de apoio."
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"Recentemente, em 1997, foram realizados vários trabalhos de restauro e de estudo arqueológico, que possibilitaram a salvaguarda de diversas sepulturas e de restos de pintura mural entretanto identificados, bem como um arranjo geral do adro."
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Continua...
Bibliografia de referência:
ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, 1978, Arquitectura Românica de Entre Douro e Minho. Porto
ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, 2001, História da Arte em Portugal - O Românico. Lisboa
ALVES, Lourenço, 1982, "Igrejas e capelas românicas da Ribeira Minho", Caminiana, ano IV, nº6, pp.105-152. Caminha
RODRIGUES, Jorge, 1995, "O mundo românico (séculos XI-XIII)", História da Arte Portuguesa, vol.1, Lisboa, Círculo de Leitores.Lisboa. pp.180-331
Fotos por AC
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