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Castro de São Lourenço

Muralha com vista para o vale do Rio Cávado e para o mar.

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"A maior povoação castreja do concelho de Esposende, foi construído num dos muitos esporões rochosos que compõem e caracterizam a cadeia montanhosa que ladeia a faixa costeira.
O ponto onde se encontra é um dos mais defensivos de toda a arriba, com vertentes escarpadas e pedregosas voltadas a Sul e ao mar e uma coroa formada por uma imponente massa granítica, que foi no início da nacionalidade portuguesa adaptada a fortaleza para, posteriormente, ser cristianizada, com a capela dedicada ao mártir S. Lourenço. 
Se outros valores patrimoniais não convidassem o visitante a subir a íngreme ladeira por onde serpenteia a estrada camarária , bastaria a esplendorosa vista que alcança sobre o Cávado, em fim de travessia, sobre o oceano de insondáveis horizontes, para que se sentisse recompensado com a magnífica lição de geografia humana que é a ocupação da orla costeira do concelho de Esposende. 
O Castro de S. Lourenço tem as suas raízes no Bronze Final, nos alvores do I milénio antes de Cristo. Desta fase inicial da ocupação do monte sabemos haver um machado de bronze e nas escavações tem-se vindo a recolher alguns fragmentos de vasos cerâmicos datáveis desse momento.

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As primitivas casas do castro de S. Lourenço foram construídas com elementos arbustivos até ao momento em que a pedra foi usada como matéria-prima fundamental (séc. IV a. C.) na estruturação das paredes das diversas construções que compunham a aldeia.

Pormenor do canal de escoamento de água pluviais.

Até ao advento da romanização (séc. I a.C.) as casas distribuiam-se no interior da área urbana, sem critérios defenidos, à revelia de qualquer alinhamento ortogonal, que não existia, estando os espaços de circulação estabelecidos de acordo com as necessidades de cada morador. As ruas, de pequeno porte e espaços de circulação empedrados, eram providos de canais para escoamento das águas pluviais.

Casas dispostas em patamares.

No séc. II a.C. e I d.C. foram construídas uma série de casas redondas, cobertas com palha e outros elementos vegetais e que viriam a ser destruídas por um grande incêndio, facto que haveria de conduzir a uma grande remodelação em toda a aldeia com a construção de novas casas, dispostas em patamares sabiamente arquitectados, sustentados por poderosos muros de suporte, por sítios onde o terreno se apresentava mais declivoso.

Pormenor de um dos vestíbulos.
Foi também por esta altura que foram introduzidos acrescentos à tradicional área coberta das casas com os vestíbulos ou "caranguejos" – assim designados por lembrarem os crustáceos – e alguns empedrados, verdadeiros espaços de circulação que pretendiam ordenar uma anárquica distribuição dos antigos modelos habitacionais, numa disposição mais organizada e de acordo com os princípios da ortogonalidade do urbanismo romano.

Núcleos familiares.

Dessa altura é a distribuição das casas por núcleos familiares, organizados em redor de um pequeno espaço lageado e contornado por muros que poderão, nas zonas em declive, funcionar também como muros de suporte. Os núcleos familiares comportavam três ou mais estruturas cobertas e a entrada far-se-ia a partir dos arruamentos, dificilmente rectilíneos, devido aos condicinalismos topográficos e à anterior existência de estruturas que não puderam ser desmanteladas na altura em que o castro foi sujeito a uma grande remodelação.

Vista geral sobre os núcleos familiares.

Pormenor do lageado

O ponto central de cada núcleo era o espaço lageado para o qual se abriam as portas de diversas construções, fossem elas habitação, arrumos, currais ou celeiros. O lageamento facilitava a circulação, dificultava a inflitração de água nos alicerces das casas e permitia que funcionasse como eira na secagem de frutos e cereais.
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Exertos retirados do artigo de Carlos Brochado de Almeida(1). Ler o artigo na integra, clicando aqui.

(1)Almeida, Carlos A. Brochado de; Cunha, Rui M. Cavalheiro da - "O Castro de S. Lourenço Vila Chã - Esposende", Esposende, Câmara Municipal de Esposende. Serviços de Arqueologia, 1997.

+ muralha
A capela de São Lourenço merece ser tratada noutra pasta.

(Continua)
Fotos por AC

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