Confesso que pouco percebo de lagares de azeite. Apesar de muitas vezes em míuda ter ido ao lagar levar o almoço ao meu pai, que lá passava semanas a fio por altura do início do ano. O cheiro é o que melhor me lembro, intenso e quente! Mas delicioso...
Mas passo a descrever de uma forma muito genérica e rápida o processo:
- Depois da selecção e separação da azeitona, esta era esmagada por mós dentro de um lagar de forma cónica.
- Uma vez esmagadas era-lhes juntada água quente para que a pasta pudesse ser melhor trabalhada. Essa pasta era colocada entre seiras (de forma circular) colocadas em pilha na prensa.
A fotografia ilustra essa mesma prensa.
- O líquido negro obtido, que entretanto já tinha começado a escorrer sob o próprio peso da pilha de seiras completas, é armazenado em pequenos tanques ou depósitos, ficando em repouso durante cerca de12 horas. É o tempo calculado como suficiente para o processo de decantação se completar, separando a água do azeite.
Afinal o azeite vem sempre ao de cima, ainda que a água seja apenas uma pequena e fina camada.
Esta prensa terá tido muito provavelmente um uso meramente comunitário, talvez um vizinho, que à troca de um qualquer serviço, ou quem sabe à troca de uns litros de azeite, providenciava a transformação do fruto em fino fio de ouro, imprescindível na alimentação, mas também para iluminar na escuridão da noite.
Este exemplar foi usado ainda no século XX, como se pode ver pelo seu restauro tosco em betão, reaproveitando engenho usado e gasto pelo uso ao longo do tempo.
Não se vêm oliveiras por perto mas o caracter rural desta zona da cidade é ainda evidente (fortemente urbanizada desde há 30 anos), pela construção recente rodeada de campos agrícolas, uns em abandono, outros ainda cheios de vitalidade e que agradam a paisagem com hortaliça, alface, batata e tomate.
As coisas que se encontram em plena cidade do Porto! Imaginava?
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